Um dos maiores homens da América Latina

Um dos maiores homens da América Latina
Salvador

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Aula de aluno

A situação do ensino público em São Paulo vem se deteriorando não é de hoje. Faz tanto tempo de governo tucano que perdemos a noção para fazermos qualquer comparação. A única possível é com a prefeitura, mas lá são outros quinhentos que não caberia aqui e nem seria pertinente. O descaso tem como efeito adoecer a cabeça dos professores, literalmente. No entanto não é sobre os professores que quero falar aqui. Quero falar sobre os principais interessados na Educação, aqueles que sem os quais não existiríamos, os estudantes e pais de estudantes.
A mídia nos mostra constantemente casos de alunos surtando em sala de aula, agredindo professores e sendo ridicularizados pelo seu mau Português, pelo desempenho e pelo desrespeito para com os seus mestres. Tiram a culpa das escolas ruins e jogam a culpa na “falta de respeito que ...”, “no meu tempo...”, “tinha que expulsar”, ‘recebem tudo”, etc, etc, os professores são os maiores divulgadores dessas excrescências verbais, não percebem que estamos na mesma barca e se tem algum aliado na Educação, estes aliados são os alunos e deveriam ser também os seus pais.
O que esperar de um jovem massacrado dia e noite pela cultura de massas? O que esperar de um jovem que passa seis horas dentro de uma escola padrão séc. XlX? O que esperar de um jovem que percebe a opressão e truculência dos responsáveis pela escola diante dos seus anseios de descobrirem o novo mundo, a nova vida e saberes que se descortinam à sua frente.
Pergunto e respondo. Esperam cordeirinhos prontos para o abate, esperam que aceitem serem subjugados, esperam obediência total ao sistema como fazem a maioria dos professores dizendo amém ao seu opressor. Professores que estão tomando a lição que eles não deram aos seus alunos. Professores que sempre lhes ensinaram como serem covardes, a furarem greves, a não serem solidários e a puxar o saco dos diretores (alguns sem competência nem para gerir uma barraca de pastel). Os alunos estão dando aula e se forem cobrar uma prova de seus professores estes tirarão zero.
Em Americana a direção de uma escola sentiu o sabor amargo de ver seus alunos se rebelarem contra o autoritarismo de sua gestão e em defesa de sua professora de Sociologia desligada da escola DOIS DIAS ANTES DO ENEM. Contra a postura inflexível da escola frente ao atraso dos alunos, contra a decisão unilateral tomada pela gestão para acabar com as salas ambientes, contra a perseguição política perpetrada contra alunos que tornam públicas as críticas à direção da escola. Privam seus alunos do direito de assistirem aulas, além de diversos casos de constrangimento ilegal de menores, (ECA, artigo 232). No dia da dispensa da referida professora, no momento em que esta entrara na escola pra buscar suas coisas, os alunos foram pegos de surpresa e imediatamente manifestaram-se em defesa da professora Juliana: sentados no chão do pátio, recusaram-se a entrar pra sala de aula e em meio a gritos de ordem como “fica Juliana”, “escola privatizada” e “não vai ter SARESP” forçaram um esboço de assembleia estudantil com a presença da gestão escolar. Na primeira segunda-feira após a dispensa da professora, metade dos alunos se organizaram num ato em frente à escola pra dar visibilidade às suas causas, nesse dia eles não entraram na escola e fizeram na rua uma aula de cidadania. Após o ato ventilou-se entre os alunos a promessa de um ponto na média bimestral (estímulo à canalhice) para aqueles que não aderiram à manifestação, isso porque o ato dos alunos teria exposto a imagem da escola negativamente perante a cidade (vale lembrar que um jornal local esteve cobrindo o ato e publicou matéria sobre o ocorrido no dia seguinte com destaque logo na capa). A repercussão da movimentação dos alunos da escola João XXIII espalhou-se pela cidade, foi o estopim. Semanas depois alunos de outras escolas da diretoria regional de ensino também foram às ruas demonstrar sua insatisfação em relação a política educacional, e especialmente, contra a reorganização escolar imposta pelo governador Geraldo Alckmin, foram reprimidos violentamente. Circula também entre os alunos a informação de que boa parte dos professores e gestores tem se esforçado para destruir a imagem da professora perante os alunos, aula a aula, dia após dia o assunto tem sido trazido à baila pelos adultos sem qualquer necessidade ou relação com aprendizagem dos conteúdos curriculares. Ao contrário, o pedagógico tem sido negligenciado há tempos: a antecipação da demissão (prometida para o fim do ano letivo) faltando dois dias para o ENEM desestabilizando os alunos emocionalmente, a ausência de professor especialista para as aulas de Sociologia até o fim do ano, o tempo gasto em todas as aulas para empreender um discurso pronto e encomendado cujo objetivo é deslegitimar o movimento dos alunos e suas críticas, bem como responsabilizar a professora Juliana pelos conflitos entre alunos e gestores. Tem se falado em manipulação ideológica e partidária, uso político das manifestações dos alunos, discurso sorrateiro... desconsiderando o contexto maior que se evidencia com ocupações de alunos em escolas por todo o estado de São Paulo, desconsiderando especialmente a capacidade de pensar e a autonomia dos próprios alunos. Tudo isso deixa dúvida sobre quais são as reais prioridades e princípios desses profissionais que apenas mostraram qualquer indignação com a falta de educação em uma foto onde os professores, vestidos de preto, reclamavam que o Governador parcelou seus bônus em duas vezes (alguns chegando próximo a 20 mil reais!!!). Essa foto foi publicada no mesmo jornal. A professora se recusou a aparecer (teve que faltar para não ser coagida). Tudo isso com a conivência da Supervisora e da Dirigente de ensino da cidade.
Essa é a preocupação de certos diretores de escola hoje em dia: bônus, bônus, bônus! Não importa como, mas, bônus, bônus, bônus... Lembrando que essa lógica inibe a participação dos professores nas suas lutas. Professor que faz greve não tem bônus. Este ano não teve aumento. O secretino da Educação e o desgovernador passaram 90 dias, 90 DIAS dizendo que daria o aumento em junho! Foi a primeira vez na história das relações trabalhistas que o NÃO aumento veio parcelado em duas vezes: 0% antes e 0% depois de 90 dias.
E os heróis da resistência reclamando do parcelamento do seu bônus de 20 mil reais em plena greve dos professores do Estado!! Todo esse processo, meticulosamente estudado, faz parte desses 20 anos de desgoverno. 
Gostaria que os pais dos alunos de todo o Estado de São Paulo, não só de Americana, se preocupassem um pouco mais com o que acontece com seus filhos no ambiente escolar. A participação dos pais se posicionando nas escolas é de crucial importância para a saúde mental e escolar dos seus filhos.
E nossos meninos não recebem bônus, só querem estudar.


quarta-feira, 23 de maio de 2012

Casa grande & Senzala


A postura dessa cretina é o retrato sintomático da nossa elite. Conheci uma pessoa assim, presenciei uma fala de uma classe média ex-classe baixa que me deu um nojo parecido como esse que sinto agora. A citação ao caso que presenciei se deve ao fato de que esse tipo de coisa está muito mais próximo da gente do que imaginamos. Não é só na televisão que essas coisas acontecem está no nosso trabalho, nas escolas que damos aula, no trânsito, metrô. Está na sociedade e mais particularmente em pessoas aparentemente insuspeitas ao nosso redor. 
Somos todos Pinheirinho.
Costumo dizer para meus amigos da oposição à esquerda que nossas desavenças são pequenas diante do que a direita faz e pensa. Daí a necessidade de estarmos juntos contra isso, este é o cerne da questão. Questão de método é importante, não resta dúvida, mas o que sempre digo é que dentro da fala dessa representante da casa grande estão colocadas quase todas as questões sociais mais problemáticas da nossa sociedade. O desdém pela miséria, de todas as misérias pelas quais passou este rapaz.
E vou logo adiantando uma coisa: quem vier com papinho de “direitos humanos para humanos, que ele não é nenhum inocente, que os Direitos Humanos protegem bandidos”, aviso, seja quem for, que essa pessoa não serve para ser meu amigo, nem virtual nem pessoal. Não compartilho hipocrisia.
Esta situação posta e escancarada pela Band, não pode passar em branco.
Tortura nunca mais
Nesta reportagem está o apoio à tortura, está o preconceito social, está o preconceito de cor, linguístico, está a falta de escola, está o imperativo e o apelo ao consumo, está a falta de opção da juventude, está o preconceito homofóbico, está a situação de penúria das nossas delegacias, o sistema penal, tudo é sintomático na fala e desdém dessa mulherzinha e de toda a equipe da Band, do delegado que, se conhecesse um pouco de lei, daria voz de prisão para essa delinquente.  E dizem que é em nome da lei. Será que essa ordinária falaria dessa maneira com o filho assassino do Eike Batista? Não falaria pois seria mandada embora. Quantos anos tem esse menino? 
Vejam no Blog do Rovai o vídeo. http://www.revistaforum.com.br/blog/2012/05/21/a-reporter-loira-o-suposto-negro-estuprador-e-uma-sequencia-nojenta/.
Se fosse em nome da lei... não é. É grana, grana, grana. Vejam  o Dr. Márcio Tomás Bastos, será que ele poderia defender este garoto negro pobre que TENTOU roubar um celular e uma corrente na Bahia? Não, o DR. Márcio Tomás não vai defendê-lo, ele, o menino, roubou pouco, ou melhor, não roubou. Sua pena já foi paga (apanhou muito) e pagará por toda a sua vida. Não terá a mesma cela que o delinquente de colarinho branco, será achincalhado ainda mais. O "professor Cachoeira" é branco e rico, mesmo que sua riqueza seja oriunda dos nossos bolsos. Vergonha, sinto muito, vergonha, nojo de tudo.
E pelos comentários que li na própria postagem do Rovai, deduzo que a nossa sociedade está doente, muito doente.
Estes doentes estão à nossa volta, é contagioso quando criam seus filhos com essa visão, geração após geração.
Meus amigos dos vários partidos, nosso partido é um só.
Ponham o nome que quiserem.


terça-feira, 8 de maio de 2012



UM ESPECTRO RONDA A NAÇÃO – o espectro dos Sujinhos. Todas as potências da velha Mídia tupiniquim aliaram-se numa sagrada perseguição a esse espectro, o Papa Civita, e o Czar Marinho, Merval e Kasoy, radicais burgueses e policiais tucanos.
Onde está um Blog de sujinhos que não tenha sido difamado como ala radical esquerdista pelos seus adversários Piguistas, onde está o partido de oposição que tem arremessado lama aos opositores mais progressistas e nem tanto em seus comparsas reacionários, a pecha estigmatizante dos sujinhos?
Duas coisas decorrem desse fato.
0s sujinhos já são reconhecidos como uma potência por todas as potências midiáticas.
Já é tempo de os sujinhos exporem abertamente, perante o mundo todo, sua maneira de pensar, os seus objetivos, as suas tendências, e de contraporem ao conto da carochinha sobre o espectro dos sujinhos um manifesto do verdadeiro jornalismo.
Com esse objetivo, reunir-se-ão em Salvador sujinhos das mais diversas localidades e esboçarão o seguinte manifesto, que será publicado em idioma Português e baianês, italiano, flamengo e dinamarquês.

I Imprensa burguesa e proletária[1]
A história de todas as mídias até o presente é a história das lutas de ideias e de classes.
Imprensa livre, jornalista livre e escravo, patrício e plebeu, senhor feudal midiático e escriba servo, membro de corporação midiática, em síntese, opressores e oprimidos estiveram em constante oposição uns aos outros, travaram uma luta ininterrupta, ora dissimulada, ora aberta, que a cada vez terminava com uma reconfiguração revolucionária de toda a sociedade ou com a derrocada comum das ideias em luta como foi o caso de 64.
Nas épocas remotas da história, encontramos por quase toda a parte uma estruturação da imprensa. Na Roma antiga temos a Acta Diurna. Como era uma publicação de jornalismo oficial, a Acta Diurna Romana não era imparcial, nunca publicava notícias negativas de derrotas do Exército Tucano e nem escândalos envolvendo pessoas públicas e aliados do Imperador Fernandus Henriquius. Na Idade Média, senhores feudais, membros de corporação do jogo do bicho já tinham sua imprensa. A revolução na época foi tão grande, que alguns autores afirmam que a prensa de papel de Gutemberg tirou o mundo de vez da Idade Média, levando o mundo para a Era da Internet, com o despertar definitivo da ciência e do jornalismo profissional. A moderna imprensa blogueira, emergente do naufrágio da imprensa feudal, aboliu os antagonismos de classes ideológicas. Ela colocou novas classes, novas condições de expressão, novas estruturas de luta no lugar das antigas.
A nossa época, a época da internet, caracteriza-se pelo fato de ter simplificado os antagonismos de classes ideológicos. A sociedade toda cinde-se, mais e mais, em dois grandes campos inimigos, em duas grandes classes diretamente confrontadas: A imprensa burguesa e a blogosfera.
Dos servos escribas da Idade Média advieram os jornalistas absolutistas das primeiras cidades; deste estamento medieval desenvolveram-se os primeiros elementos do PIG.
Vemos, portanto, como o PIG moderno é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de arroubos nos meios de comunicação, produção de ideias falsas e trambiques.
Cada uma dessas etapas de desenvolvimento do PIG veio acompanhada de um progresso político correspondente. Estrato social oprimido sob o domínio dos senhores feudais da mídia, associação armada e com administração autônoma na câmera federal, cidade-república independente (Brasília). O poder midiático moderno é apenas uma comissão que administra os negócios comuns do conjunto da classe burguesa.
Onde quer que O PIG tenha chegado ao poder, ele destruiu todas as relações éticas, políticas e morais. Ele rompeu impiedosamente laços que atavam o leitor e o jornalismo. Não deixando nenhum outro laço entre os primeiros senão o interesse nu e cru, senão o insensível "pagamento à vista". Ele dissolveu a dignidade pessoal de pessoas honestas em valor de troca, e no lugar das inúmeras liberdades atestadas em documento ou valorosamente conquistadas, colocou uma única inescrupulosa liberdade de comércio. O PIG arrancou das relações com bicheiro e senador “fontes confiáveis”, véu sentimental e as reduziu a pura relação monetária.
....


Vocês se horrorizam com o fato de querermos suprimir a concessão privada da mídia. Mas na sociedade vigente, na sociedade de vocês, a concessão privada está abolida para nove décimos de seus membros; ela existe exatamente por não existir para nove décimos. Vocês, portanto, censuram-nos querer suprimir a liberdade de imprensa propriedade que pressupõe, como condição necessária, a privação de opinião para a maioria esmagadora da sociedade.
Vocês nos censuram, em uma palavra, querer suprimir a propriedade de vocês. Todavia, é isso mesmo que queremos.
Os sujinhos não tiram de ninguém o poder de apropriar-se de ideias, eles apenas tiram o poder de subjugar ideias alheias mediante essa apropriação.
Objetou-se que com a supressão da concessão privada cessaria toda atividade ideológica e irromperia uma indolência geral.
De acordo com isso, os sujinhos deveriam ter perecido há muito tempo na indolência; pois os que nela trabalham, não lucram.
As acusações contra os sujinhos levantadas de pontos de vista religiosos, filosóficos e ideológicos em geral, não merecem discussão mais minuciosa.
Que outra coisa prova a história das ideias senão que a produção intelectual se reconfigura com a produção material? As idéias dominantes de uma época foram sempre tão-somente as idéias da classe dominante.
Além disso, há verdades eternas, como liberdade, justiça etc., comuns a todas as condições sociais. Os sujinhos, porém, abolem as verdades eternas, ele abole a religião, a moral, ao invés de configurá-las de novo; ele contraria portanto todos os desenvolvimentos históricos até aqui."
Mas deixemos as investidas da burguesia contra os sujinhos.
Já vimos acima que o primeiro passo na revolução midiática é a elevação do blogueiro proletariado à condição de classe pensante, a conquista da democracia da informação.
O blogueiro proletariado utilizará o seu domínio político para subtrair pouco a pouco à imprensa burguesa todo o capital midiático, isto é, do blogueiro proletariado organizado como classe midiática dominante, e para multiplicar o mais rapidamente possível as ideias produtivas.
Naturalmente essas medidas serão diferentes de acordo com as  diferentes mídias.
Para as mídias mais desenvolvidos, as seguintes medidas poderão ser postas em prática de uma forma um tanto geral:
  1. Expropriação da concessão fundiária da Globo.
  2. Pesado imposto progressivo.
  3. Abolição do direito de herança na imprensa.
  4. Confisco da propriedade de todos os donos de canais de televisão insurrecionados.
  5. Centralização do sistema de banda larga nas mãos do Estado.
  6. Multiplicação dos programas de TV nacionais, dos instrumentos de comunicação.
  7. Difusão diversificada dos setores da mídia. Atuação no sentido da eliminação gradual da programação entre centros urbanos e rurais. Estes últimos fadados à estupidez[2] da lógica consumista das metrópoles.
Desaparecidas as diferenças de classes no curso do desenvolvimento e concentrada toda a produção nas mãos dos indivíduos associados, então o poder público perde o caráter político. O poder político em sentido próprio é o poder organizado de uma classe para a opressão de uma outra. Se, na luta contra a burguesia, o proletariado unifica-se necessariamente em classe, converte-se em classe dominante mediante uma revolução, e como classe dominante suprime à força as velhas relações de produção de ideias.
No lugar da velha imprensa burguesa com as suas classes e antagonismos de classes surge uma associação na qual o livre pensamento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento ideológico de todos. 
Blogueiros proletários de todo o país, uni-vos!
 Notas
Eu já o declarei frequentes vezes; mas justamente agora é necessário que isso preceda o próprio "Manifesto". 






[1] Por imprensa burguesa entende-se a classe dos modernos capitalistas, que são os proprietários dos meios de produção editorial e exploram o trabalho assalariado dos proletários jornalistas. Por proletariado, a classe dos jornalistas operários assalariados que, uma vez que não possuem meios de produção próprios, estão na dependência de vender a sua força de trabalho e ideais para poder viver. [Nota de F. Engels para a edição inglesa de 1888.]
[2] 3 Idiotismus, no original. Em sua "Introdução ao Manifesto Comunista", E. Hobsbawn observa quanto a essa expressão que, embora os seus autores partilhassem do costumeiro desprezo do citadino pelo mundo rural, ela possui antes o sentido de "horizontes estreitos" do que "estupidez". "Ela fazia eco ao sentido original do termo grego 'idiotes', do qual derivou o significado corrente de 'idiota' ou 'idiotice', a saber, uma 'pessoa preocupada apenas com seus próprios assuntos particulares e não com os da comunidade mais ampla'

sábado, 28 de abril de 2012

Bolsa família e cotas.




Realmente o tempo é um dos Deuses mais lindos. 
Que bálsamo foi para minha alma política a aprovação da política de cotas. Lembro-me de algumas pessoas, ditas de esquerda, argumentando com sofismas, premissas mal acabadas e todo o aparato teórico marxista, “trosquista” e pseudo anarquista, contra as cotas. Não caberia aqui falar de tais argumentos, são desprezíveis e podemos encontrá-los, ditos apenas com um outro verniz, nas páginas da PIG. Verniz este que procura dar um acabamento à construção ideológica, mas somente reveste o preconceito embutido em suas almas. 
Tais argumentações também encontravam suporte ideológico quando defendiam (se bobear ainda defendem) o fim do bolsa-família. Uma argumentação completamente insólita, por vezes leviana, que não leva em conta a estrutura histórico-social que levaram uma determinada camada da população a viverem como párias da sociedade.
Trata-se de igualdade, ou a pretensão de igualdade se levarmos em conta a vastidão do campo semântico da palavra. É um começo, simples, mas é um começo. Tanto as cotas como o bolsa-família. Não será essa geração que colherá seus frutos, será a geração que vai estudar os dias de hoje daqui a 20, 30 anos. E espero que entre os estudantes dessa geração futura tenha nos seus quadros muitas pessoas beneficiadas com a lei. Como teríamos hoje caso ela já estivesse em vigor há 20, 30 anos.
O nome disso é história.










segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Artistas da Globels: do movimento gota dàgua ao Pinheirinho.

    Pedimos aos artistas globais que se manifestem com a mesma indignação demonstrada quando fizeram o vídeo Belo Monte. Vamos lá Letícia Sabatella, vamos lá Marcos Palmeira, Maitê, Ary Fontoura!...etc.
    Não tá entendendo?  vai pesquisar! Não fique com aquela sensação de se arrepender por aquilo que você não fez Cláudia Ohana, mas o que eu tenho a ver com isso, Maitê? Ainda tenho que me preocupar com desocupação em São José? Faz a conta, realiza, Cissa Guimarães, são 1600 famílias que vão sair das suas casas e ninguém vai discutir o assunto, agente vai fazer de conta que nada está acontecendo?
    Uma pergunta Marcos Palmeira: como é que se resolve a questão de moradia no Brasil?  Quem se importa aonde os índios, ops, população vão morar?  É muita pergunta sem resposta. Neste momento milhares de pessoas estão indo às ruas protestar e mudar o seu destino, vocês também artistas da Globels?  Vamos fazer alguma coisa pelo Brasil.
    Maitê, não tira o sutiã, primeiro que não precisa apelar, seu tempo passou. Segundo que esse apelo pode cair muito bem somente no Big Bosta da empresa que você trabalha. Questão política e social é coisa séria.
    Ary Fontoura, pense no Brasil em que seu neto vai crescer!!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PMs tarados

Compilei este texto de um outro que havia escrito durante os atos do passe livre.
   Sou professor recém contratado do Estado de São Paulo. Antes havia a possibilidade de “fazer bico” como professor no próprio Estado, não me sujeitei, esperei o concurso. Para quem no Brasil não sabe, em São Paulo existe uma coisa chamada "professor  com contrato precário". Trata-se de uma contratação sem concurso para suprir a falta de professores da rede estadual de ensino. Trata-nos como sub-empregados fazedores de bico. Estudei cinco anos no bacharelado da Letras-USP e mais quatro na licenciatura para que eu pudesse aprender a como ser um professor. Não sou um caso à parte, como eu existem milhares de pessoas muito competentes na mesma situação.
   Já na polícia militar não existe esse tipo de contrato temporário de trabalho, polícia no nosso estado é considerado muito mais importante do que professores e alunos, os bicos que eles fazem normalmente, ou são para serem jagunços de puteiro, jagunço de reitor, gigolôs de prostitutas ou segurança de boca de fumo, entre outras atividades educativas que tanto nos enchem de orgulho. Muitos são sócios de traficantes de drogas.
   Como sabemos, os arautos da sabedoria do nosso estado - os jagunços do PSDB -, têm um grande fetiche em brandir seus instrumentos fálicos e educativos para a população que paga seus salários. Não sabemos se isso é em contrapartida à falha de seus membros (entendam como quiserem) ou se é porque o prefeito da nossa cidade, aliado dos tucanos, é chegado num cassetete (não me entendam mal, não falo de falos), gosta que batam, não sei se de apanhar também.
   Cada um com seus fetiches.
  Não gosto de uma coisa nem outra, os nossos membros (ativistas políticos) trabalham normalmente sem precisar dessas coisas que apimentam a relação membros da sociedade X membros do estado. Não somos tarados, psicopatas de fardas e cargos. Somos alunos, professores, desempregados, povo. Essa apimentadinha, esse choro lacrimogêneo, esse brandir de pistolas não é conosco. Deixamos para os tarados nas suas orgias e nos troca-trocas de caserna. 
   Nada aconteceu na USP que justificasse a violência, isto claro sob o nosso ponto de vista humanista, do lado de lá, motivo é o que não falta. Aquele alí que bate não é somente o Sargento André, aquele que bate é uma parcela muito grande da sociedade, é o PIG, são estudantes reaças, é o Rodas, é o capitalismo e acima de tudo é a falta de coerência humanista que decorre de todos esses agentes da sociedade.
   Vamos a USP!   

domingo, 31 de julho de 2011

Mais uma pérola do nosso frei Beto



Agora a voracidade consumista proclama a fé que identifica o infinito nos bens finitos

Frei Betto
Para o filósofo Edgar Morin, a ciência, ao buscar autonomia fora da tutela da religião e da filosofia, extrapolou os próprios limites éticos, como a produção de armas de destruição em massa. Os cientistas não dispõem de recursos para controlar a própria obra. Há um divórcio entre a cultura científica e a humanista.
Exemplo paradigmático desse divórcio é a atual crise econômica. Quem é o culpado? O mercado? Concordar que sim é o mesmo que atribuir ao computador a responsabilidade por um romance de péssima qualidade literária.
Um dos sintomas nefastos dos tempos em que vivemos é a tentativa de reduzir a ética à esfera privada. Fora dela, tudo é permitido, em especial quando se trata de reforçar o poder e aumentar a riqueza. Obama admitiu torturar os prisioneiros que deram a pista de Bin Laden, e não houve protestos com sufi ciente veemência para fazê-lo corar de vergonha.
A globocolonização, inaugurada com a queda do Muro de Berlim, conhece agora sua primeira crise econômica. E ela explode no bojo da fragmentação da modernidade. “Tudo que é sólido se dissolve no ar...” Vale acrescentar: “... e o insólito, no bar”.
Esfareladas as grandes narrativas que norteavam a modernidade, abre-se amplo espaço ao relativismo. O projeto emancipatório se dilui no terrorismo e no assistencialismo compensatório guloso de votos. O futuro se desvanece.
Para os arautos do neoliberalismo, “a história terminou”. O presente é, hoje, o moto perpétuo. O passado, mera evocação, como a pintura que se contempla na parede de um museu. Nada de querer acertar contas com ele.
Graças às novas tecnologias, o espaço se contraiu e o tempo se acelerou. O outro lado do mundo está logo ali, e o que lá ocorre é visto aqui em tempo real. Tudo isso impacta nossos paradigmas e nossa escala de valores. Paradigmas e valores soam como contos da carochinha comparados a ensaios de bionanotecnologia.
O mundo real se cindiu e não condiz com o seu duplo virtual. Via internet, qualquer um pode assumir múltiplas identidades e os mais contraditórios discursos. Agora, todos podem ser simulacros de si mesmos.
Não há mais propostas libertárias que fomentem utopias, nutram esperanças e semeiem otimismo. Ao olhar pela janela, não há horizonte. O que se vê reforça o pessimismo: o aquecimento global, a ciranda especulativa, a ausência de ética no jogo político, a lei do mais forte nas relações internacionais, a insustentabilidade do planeta.
Se não há futuro a se construir, vale a regra do prisioneiro confinado à sua cela: aproveitar ao máximo o aqui e agora. Já não interessam os princípios, importam os resultados. O sexo se dissocia do amor como os negócios da atividade produtiva.
A cultura do consumismo desencadeia duas reações contraditórias: a pulsão pela aquisição do novo e a frustração de não ter tido tempo sufi ciente para usufruir do “velho” adquirido ontem... A competitividade rege as relações entre pessoas e instituições. Somos todos acometidos de permanente sensação de insaciabilidade. Nada preenche o coração humano. E o que poderia fazê- lo já não faz parte de nosso universo teleológico: o sentido da vida como fenômeno, não apenas biológico, mas sobretudo biográfico, histórico.
Agora a voracidade consumista proclama a fé que identifica o infinito nos bens finitos. O princípio do limite é encarado como anacrônico. Azar nosso, porque todo sistema tem seu limite, da vida humana ao mercado. Sabemos por experiência própria o que acontece quando se tenta ignorar os limites: o sistema entra em pane. Mas, em se tratando de finanças, não se acreditava nisso. A riqueza dos donos do mundo parecia brotar de um poço sem fundo.
Duas dimensões da modernidade foram perdidas nesse processo: a dignidade do cidadão e o contrato social. Marx sabia que a burguesia, nos seus primórdios, era uma classe revolucionária. O que ignorava é que ela de tal modo revolucionaria o mundo, a ponto de exterminar a própria cultura burguesa. Os valores da modernidade evaporam por força da mercantilização de tudo: sentimentos, ideias, produtos e sonhos.
Para o neoliberalismo, a sociedade não existe, existem os indivíduos. E eles, cada vez mais, trocam a liberdade pela segurança. O que abastece este exemplo singular de mercantilização pós-moderna: a acirrada disputa pelo controle do mercado das almas. As religiões tradicionais perdem seus espaços territoriais e o número de fiéis. Agora, no bazar das crendices, a religião não promete o céu, e sim a prosperidade; não promete salvação, e sim segurança; não promete o amor de Deus, e sim o fi m da dor; não suscita compromisso, e sim consolo.
Assim, o amor e o idealismo ficam relegados ao reino das palavras inócuas. Lucro e proveito pessoal são o que importam.

domingo, 26 de junho de 2011

Trabalho e vampiros

Desde a antiguidade o mito do vampiro permeia o imaginário das mais diversas culturas da humanidade: entre os mongóis o Demônio Tibetano, para os gregos, Lamia uma espécie de sereia, Lillith uma fábula judia. Mas o estereótipo do imaginário ocidental é a oriunda do mito eslavo do príncipe Vlad Drácula, imagem fixada pelo cinema em diversos filmes americanos. Retratado de forma banal e superficial, não aborda a verdadeira metáfora que permeia o tema.

Até mesmo para os mais incrédulos a alma parece uma entidade marginal ao que realmente somos. Ela se configura como um resguardo livre dos pecados da nossa personalidade, caráter e virtudes. Em hebraico o termo alma está associada ao sangue – nefesh- assim como às necessidades vitais cujo termo alcança maior extensão: desejo, respirar e vida. Alma para os gregos significa psique, italiano anima. Acreditava-se que era no sangue um dos muitos lugares do corpo onde a alma se localizava. Partindo-se dessas premissas podemos começar a entender como os povos, nos mais diferentes lugares, criaram o mito do vampiro. Entidades que se alimentam daquilo que é vital para o sujeito: seu anǐma, o que nos faz viver.

Para se fazer uma analogia com o que é mostrado nas telas, vamos equiparar sob a ótica mais elaborada da análise psico-social do significado de vampirismo. As cenas mais comuns são:

Cena 1: uma criatura sedutora olha nos olhos da vítima e hipnotiza-a. No mesmo instante sua jugular é oferecida.

Cena 2 : a pessoa está dormindo e o vampiro aparece no meio da noite para se alimentar do seu sangue.

Cena 3 : uma pessoa que foi vítima do vampiro, vampiriza uma ou mais pessoas sendo estas um ou mais de seus pares (filho, pais, esposos, amigos).

Cena 4 : a pessoa passa a se comportar como um zumbi.

Cena 5 : o vampiro se desmaterializa com a luz do sol.

Vamos dar o devido enfoque para essas cenas aparentemente banais. Antes gostaria de fazer uma breve digressão sobre a subjetividade na sociedade do espetáculo.

Ela não está aí para nos fazer pensar e sim para amortecer, anestesiar nossos sentidos. Essa digressão tem a ver com o conjunto de idéias postas para que nós nos entreguemos com mais facilidade ao mundo pseudofactual que querem nos fazer crer a todo custo. A dominação se dá com uma capilaridade tecida em todas as esferas sociais que freqüentamos: baladas, reunião social, ambiente de trabalho, etc, ou assistimos seja em noticiários, Internet, cinema, novelas, música, etc. Tudo isso articulado nos embaça a visão daquilo que chamo de “saber ler o mundo”.

Feita essa digressão, faz-se necessário a análise. É importante deixar aqui claro que são vários vampiros que atuam na nossa sociedade,: O Estado, a sociedade, a religião com seus dogmas e preceitos morais, são os mais claros. Aqui o foco será o mundo do trabalho. Vamos a cena 1:

As seduções a que estamos submetidos pelas mais diversas razões apresentam-se primeiramente como uma oferta de possibilidade de um bem estar melhor. Abrimos mão de um tempinho a menos conosco e para com nossa família, uma responsabilidade maior no trabalho, um almoço comido mais rápido (que logo se torna rotina), e por aí vai. Aos poucos vamos nos esquecendo de nós mesmos e por conseqüência vamos nos esquecendo dos nossos entes. Oferecemos nossa jugular ao vampiro. O que nos leva a cena 2.

A noite representa na alegoria o nosso estado inconsciente. Vamos sendo absorvidos pelas seduções sem nos darmos conta. O mundo das maravilhas se descortina: podemos comprar a beleza, ser realizado sexualmente, morar melhor, ter um carro novo, ser realizado profissionalmente, ser reconhecido pelos próximos, etc, etc. Somos diuturnamente bombardeados com esses valores e quando não os temos, há uma sensação de fracasso. Mesmo que não possamos usufruir de todas essas benesses elas ao menos se afiguram como algo próximo, ficamos traiçoeiramente felizes. E nelas podemos ainda incorrer no erro do exagero. A vaidade dessas conquistas pode nos tornar um zumbi. Podemos reconhecer pessoas vampiras pelos seus modos e comportamentos, mas alguns pontos todos eles tem em comum: desequilíbrio interno, frustração, baixa auto-estima, ressentimento, complexo de perseguição, insegurança e, acima de tudo, o egoísmo. Acredita que seus esforços para obter os benefícios adquiridos são conquistas somente suas, tem dificuldade de compartilhar “suas conquistas”. O processo de mutação do indivíduo começa neste estado inconsciente.

Na cena 3 A vítima do vampiro, necessitando de energia vital, parte para a busca de energia para sua satisfação física e psíquica. São as pessoas que estão a sua volta as próximas vítimas. O vampirismo começa a agradar àqueles que se vêem tanto no lugar do predador quanto no da presa, portanto, cuidado! O prazer de tirar do outro se conecta ao prazer de ser aliviado do que lhe é básico. Acha que é a pessoa mais inteligente e talentosa da face da Terra. Persegue com afinco os símbolos do status e do poder sobre seus pares. É ríspido e esbanja auto-suficiência. Quando está por cima, pisa nos de baixo, seja emocional ou financeiramente. Nutre-se da destruição da auto-estima alheia, o que o ajuda a projetar-se para o alto, não se importando com a queda, não crê jamais que cairá, torna-se onipotente. Tem dificuldade para assumir qualquer tipo de compromisso. Está sempre à procura de novos parceiros amorosos (a maior fonte de energia roubável) e é instável com os antigos amigos. Alimenta-se da dedicação das pessoas, mas costuma abandoná-las ao considerar que se tornaram monótonas ou que já deram o que tinham para dar, uma vez esgotada a energia vital da outra, por isso a instabilidade para com as pessoas. Este tipo de pessoa contraiu uma anemia moral e emocional grave. Por enquanto ainda é um zumbi, está apática o que nos remete a cena 4.

Um zumbi não tem moral, não se preocupa com o outro nem consigo próprio. Os vícios tornam-se cada dia mais arraigados no seu dia-a-dia pois a realidade do cotidiano se torna banal. Suas emoções tem de estar sempre num crescente, desejável por todos, porém sem limites para parar. Não encontrando molda-se nas sombras da sociedade, obcecado por sangue (e outros fluidos corporais), incorpora o lado mais escuro, porém não menos real da existência humana. Se ainda não se tornou um vampiro, falta muito pouco. O processo de vampirização pode ser revertido com a metáfora da luz. Cena 5

Obviamente que aqui estamos falando do mundo do trabalho e, me desculpem os menos crédulos ideologicamente, do capitalismo. Demorou, mas chegamos lá. Karl Marx compara o capitalista com o vampiro: "o capital é trabalho morto que, como um vampiro, vive somente de sugar o trabalho vivo e, quanto mais vive, mais trabalho suga (…) o prolongamento do dia de trabalho além dos limites do dia natural, pela noite, serve apenas como paliativo. Mal sacia a sede do vampiro por trabalho vivo (…) o contrato pelo qual o trabalhador vendeu ao capitalista sua força de trabalho prova preto no branco, por assim dizer, de que dispôs livremente de si mesmo. Concluído o negócio, descobre-se que ele não era um 'agente livre', que o momento no qual vendeu sua força de trabalho foi o momento no qual foi forçado a vendê-la, que de fato o vampiro não largará a presa 'enquanto houver um músculo, um nervo, uma gota de sangue a ser explorada' (citação de um texto de 1845 de Friedrich Engels).

As tentações e fascínios que o sistema capitalista nos acena faz-nos vender a nossa alma, oferecer nosso sangue para uma entidade obscura, um grande devorador de anima. Deixamos de lado as coisas que deveriam ser as principais preocupações do ser humano. Um bem estar verdadeiro, calcado na satisfação de viver verdadeiramente a nossa essência. Não digo com isso que não devemos trabalhar, isso é primordial para movimentar o mundo e deveria estar voltado para a realização do homem em todas as esferas do conhecimento. Sem alma não cantamos, não lemos, não dançamos, não apreciamos as pessoas com aquilo que elas tem de belo para mostrar. O mundo do trabalho como está canonizado hoje afasta-nos dos reais prazeres e inculca-nos uma mentalidade que se auto-alimenta no consumo de bens materiais ou de valores que não correspondem à verdadeira aptidão do ser humano. sobre isso basta percebermos o quanto são desvalorizadas as pessoas que lidam com as artes, músicos e atores de teatro se não estiverem inseridos na indústria cultural capitalista, é quase um pária no mundo do trabalho.   O vampiro/capitalismo é, sob todos os aspectos, o objeto que leva à perversão, à transgressão da moral social. Sempre associado à beleza e à promessa de prazer, ele é a personificação de nossas possíveis sublimações da morte física, burlando a natureza mortal do ser humano. “viver é muito perigoso”, dizia Guimarães Rosa, estamos sujeitos às tentações e o melhor que podemos fazer é estarmos atentos, cuidar do seu amor, caminhar para as luzes. afaste-se da pessoa que se preocupa em demasia consigo mesmo. Esse é um vampiro em potencial. Não perca tempo tentando convencê-lo de que ele cometeu um erro, pois negará até a morte. Não dê crédito aos feitos grandiosos que relata. Não espere favores gratuitos, ele sempre vai querer algo em troca. Afaste-se!
Existem alguns antídotos para se prevenir dos vampiros: cultive sua alma, pratique uma dança, cante, toque um instrumento, faça teatro e mais do que tudo ame as pessoas que te amam. Mesmo que falem que esse remédio está fora de moda. Ainda dá tempo de reconquistar seus entes. Ame à moda antiga, é moderno, não alimente seu sofrimento com buscas banais.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O mundo do trabalho.

Olá pessoal, amigos e visitantes!

Em breve iniciarei minhas postagens neste blog. Pensamentos dispersos e compartilhamento de idéias. Neste primeiro momento quero postar algumas observações sobre o mundo do trabalho. Trabalho no sindicato dos bancários de São Paulo e tenho percebido como as pessoas estão adoecendo física e mentalmente.
Quero falar do isolamento a que são submetidos os trabalhadores de todas as áreas laborativas, principalmente a bancária.
Vejo que meu trabalho como protagonista na organização por local de trabalho, OLT, depende da colaboração dos trabalhadores da área. O massacre a que são submetidos os bancários só vem se acumulando com o passar dos anos. Percebo que o isolamento acaba causando uma espécie de "aleijamento" das relações pessoais dos trabalhadores da categoria. O adoecimento aparece de maneira sutil e vai tomando conta da pessoa sem ela perceber. Uma dorzinha aqui, uma separação ali, pressão alta (do banco e do corpo) o consolo do álcool, prozacs e similares e muita análise. As pessoas sentem-se incompreendidas dentro do banco e quando têm uma postura diferente, são isoladas pelos gestores.
E para quem pensa que essa situação ocorre somente nos bancos privados, engana-se. No Banco do Brasil e na CEF a situação é igual ou muitas vezes pior.
Brevemente escreverei sobre a metáfora dos vampiros, que nos assola. Pretendo tambem postar materiais e depoimentos que chegarem, prometo ler todos e publicar aqueles que não infrinjam a proposta aqui apresentada.
Conto com um "oi" neste primeiro momento.
Um Abraço a tod@s,
Jurandir Chamusca  

 

quinta-feira, 9 de abril de 2009